Como manter a sanidade mental em tempos de confinamento

Hoje falamos de como é conciliar esta nova realidade em período de confinamento.
O que mudou com o confinamento a que a pandemia nos obrigou?

Se nos dissessem que íamos atravessar um período longo durante o qual nos teríamos de reinventar, apreendendo a viver sem sair de casa diríamos que seria impossível. Na verdade, essa é a realidade do confinamento que voltamos a viver.

Temos rotinas, necessidades e desejos e nenhum deles se compadece com um confinamento a 100%. Mas a realidade mostrou-nos que estávamos enganados e que, em momentos cruciais, somos capazes dos maiores desafios e sacrifícios em nome de um bem maior. O confinamento perdura e a verdade é que não só estamos a conseguir superar o desafio e exigência como ainda somos capazes de nos reinventar diariamente.

Trabalhar a partir de casa passou a fazer parte do nosso dia-a-dia. Já nos habituámos a ter, no mesmo espaço, o núcleo familiar, as rotinas domésticas, a vida escolar dos mais novos e obviamente, o nosso espaço de trabalho. Conciliar a vida pessoal com a profissional não é fácil e talvez poucos de nós tivessem já passado pela experiência mas a verdade é que é possível e talvez nos mostre que mais do que possível, em muitos casos, é desejável.

Porém, esta nova realidade traz consigo alguns desafios e é necessário estar atento. Como seremos capazes de nos manter “mentalmente saudáveis” com tanta mudança em simultâneo?

Para não entrar em desespero quando tudo se afigura incerto, crítico e propício a alimentar angústias e discussões há que tentar encontrar soluções à medida para manter a calma e uma atmosfera de normalidade. Ficam as dicas.

Cumprir rotinas e rituais 

Levantar-se a horas certas, tomar banho, vestir-se, comer, trabalhar (ou teletrabalhar), interagir com as crianças e partilhar tarefas domésticas ajuda a saber a quantas andamos até à hora de ir para a cama. Os rituais ao serão e na hora de adormecer têm uma razão de existir: actuam como âncoras e devolvem um sentimento de segurança e ordem. Cultivá-los é bom, em alturas como a que estamos a viver, melhor ainda, adaptando-os ao tempo e condições disponíveis: ouvir o podcast, ver a série favorita na televisão, trocar mensagens ou pequenos telefonemas, ler algumas páginas de um livro, contar uma história, tomar um chá, entre outras.

Manter o contacto, em período de confinamento

O isolamento social tem um efeito silencioso e perturbador. Fazer videochamadas a familiares, amigos e colegas reduz a barreira invisível gerada pela sensação de estar só. Em situações excepcionais, medidas excepcionais.

Definir limites e clarificar expetativas 

Ficar em casa não é sinónimo de estar disponível a qualquer hora para todos. Existe a dose certa de atenção a dedicar a cada um e sinais que demonstram uma interferência inoportuna. Não estamos de férias: partilhar o mesmo espaço pode implicar definir horas e rotinas de utilização. No começo estranha-se, depois entranha-se. Esperar que as coisas funcionem todas de feição, sem falhas, sem flutuações no rendimento nem alterações no comportamento é uma crença. Não vai ser como gostaríamos. As operações de desinfecção contínuas, as quebras de concentração, a dispersão, as reacções bruscas ou atípicas vão acontecer a todos.

Dieta informativa e nas redes sociais

É fundamental limitar o tempo de permanência online, mesmo que seja só para não perder horas de sono. As interacções devem ser controladas na quantidade e na qualidade. Deve optar-se por fontes de informação credíveis e pense por nós próprios, sem nos deixarmos enredar em debates inúteis.

Evitar discussões 

Bastam alguns dias fechado, com as mesmas pessoas, para uma conversa inócua se converter numa via para escoar tensão acumulada. Quando os dias se sucedem, as dúvidas e incertezas se acumulam, é altamente provável que “salte a tampa” e isso afecte quem está perto. Comportamento gera comportamento. Afastar-se do outro antes que se atinja a gota de água durante algum tempo pode ser a chave para não agir a quente.

Combater o tédio aprendendo com ele

De um momento para o outro, todas as rotinas deixaram de existir. A vida social e familiar ficou suspensa e isso tem consequências. Deixámos de ir ao local de trabalho, ao bar, ao ginásio, ao cabeleireiro, de fazer actividades ao ar livre com grupos de amigos, de ir ao restaurante, a espectáculos e isso deixa marcas em todos. Porém, é também algo a que sobreviveremos, havendo abertura mental para se permitir fazer algo diferente. No início pode ser não fazer mesmo nada. No entanto, em algum momento, irá surgir a vontade de fazer algo novo – desenhar, dançar em casa, cozinhar, etc. e não deverá deixar de o fazer. Os resultados podem ser surpreendentes, dando lugar à descoberta de talentos que se desconheciam.

Testar, testar, testar 

O método de tentativa e erro e a flexibilidade aplicam-se à vida em geral e à dinâmica familiar e pessoal, em particular: se hoje limparmos a casa, amanhã podemos aligeirar nesse campo. Se a resolução de um problema hoje não surtiu o efeito desejado, poderá experimentar-se algo novo amanhã. Fazer exercício físico sem a presença dos colegas e do professor do ginásio, é um teste que merece ser feito. A maior disponibilidade física e mental trará boas surpresas.

Comunhão e bom senso 

Todos diferentes, todos iguais: introvertidos, extrovertidos, calmos ou agitados…as diferenças que nos separam, de personalidade e outras, não impedem que estejamos expostos aos mesmos desafios. Conviver sem atritos no confinamento pode passar por organizar o dia de trabalho, serões temáticos, jogos de tabuleiro ou leitura de histórias. Contactar com família e amigos, virtualmente, para conversar e divertir-nos é essencial. Apreciar o que temos e cultivar o hábito de salientar as coisas pelas quais nos consideramos gratos. É em fases de condicionamento que se toma consciência do quanto podemos aprender com os outros e experimentar novas formas de estar.

 

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